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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

NX Zero fala sobre dez anos de carreira e o que acha da onda Happy Rock para o 'Portal Vírgula'



O NX Zero está completando dez anos de carreira e para comemorar, lançou em agosto o DVDMultishow Registro: DVD Nx Zero 10 anos, composto por seus maiores sucessos e mais duas canções inéditas.
Gravado em São Paulo, o show do DVD contou com as participações especiais de Emicida, Negra Li, Rincon Sapiência, Rappin' Hood, Tulio Dek, Eric Silver e o produtor e empresário Rick Bonadio.
Em entrevista ao Virgula Música, Di Ferrero (vocal), Gee Rocha (guitarra) Fi Ricardo (guitarra),Caco Grandino (baixo) e Dani Weksler (bateria) contaram mais sobre o lançamento do DVD, as roubadas que já enfrentaram durante a carreira, quais bandas fazem suas cabeças e o que pensam da onda dos coloridos do Happy Rock. Veja no vídeo e no bate-papo abaixo.




Virgula Música – Agora que vocês gravaram o DVD, qual é o próximo passo?
Gee: Vamos sair em turnê, fazer a turnê do DVD. O próximo passo vai ser um disco novo, mas isso ainda vai demorar um ano, um ano e meio. Por enquanto vamos mostrar o DVD ao Brasil. Fizemos um cenário especial para a gravação dele e queremos usar isso para os shows também, até para a galera que não pôde ir na gravação.

Virgula Música – E qual a expectativa para o show no Rock in Rio?

Dani: Cada vez que alguém pergunta isso do Rock in Rio a gente já fica ansioso. Se acontecesse isso uns 5 anos atrás, a gente cagava nas calças (risos), acho que agora veio em boa hora.
Caco: Nós não cagamos nas calças ainda porque não caiu a ficha (risos)!
Di: Não falamos sobre outra coisa. Já pensamos em um set list legal e como ensaiamos bem para gravar esse DVD, ele veio em uma hora boa. A ideia é dar uma resumida nesse set list para tocar no Rock in Rio e colocar mais algumas surpresas, coisas especiais para marcar o show, porque o festival pede algo especial. Ainda demos sorte de tocar no dia que a gente mais queria ver as outras bandas, como o Red Hot Chili Peppers. Vai ser animal cruzar com os caras lá e quem sabe dar um DVD nosso pra eles.
Gee: Se eles merecem, né? Se for bom o show ... (risos)

Virgula Música – O que vocês acharam do disco novo, I’m With You? Eles colocaram pra audição via streaming e já liberaram um clipe para o single The Adventures of Rain Dance Maggie.

Di: Achei a música nova e o clipe irados. Quando você curte as várias fases e vibes da banda, você sempre acaba entendendo o que eles querem fazer. Pra mim foi demais, gostei muito da música, da letra, do clipe. O vídeo é bem a cara deles, Califórnia total.
Dani: Eu tô triste que não tem o (John) Frusciante [guitarrista que saiu da banda em 2009] , mas eu sou fã até o fim.
Di: Infelizmente ele não estará aqui, mas acho que o guitarrista novo já conhece os caras há um bom tempo...
Dani: É, ele tocou nos discos solo do Frusciante também.
Di: Sim, ele vai conseguir pegar a vibe dos caras.

Virgula Música – Vocês já tem novas composições para um novo trabalho?

Di: Nós acabamos de divulgar duas músicas novas nesse DVD. São Essa Eu Fiz Pra Esquecer e aNão é Normal, que é o novo single. Por enquanto vai ser isso, não pensamos em lançar nada novo, porque viemos em uma pegada meio maluca, com CD e DVD um atrás do outro. Então agora queremos mesmo é fazer os shows primeiro.
Dani: Já temos uns dez embriões de músicas. Uma coisa que nos motiva pra caramba é que o Gee sempre manda pra gente uma ideia gravada e pergunta ‘e aí, é legal? o que vocês acham?’ e a gente já começa a pirar, pensando o que dá pra fazer em cima com timbres e arranjos.

Virgula Música – E por esses embriões, vocês já tem ideia do que pode ser o novo disco?

Di: É muito cedo para falar como vai soar o próximo trabalho. São só embriões, não sabemos o que vai sair disso. Mas pode ter certeza que vai ser uma mistura de tudo que a gente já fez, inclusive o Projeto Paralelo.

Virgula Música – Falando no Projeto Paralelo, vocês pensam em fazer algo assim novamente?

Di: Se calhar, sim. Foi muito natural o jeito que ele saiu. Era pra ser um projeto paralelo fora do NX Zero, mas decidimos fazer todos juntos. Acho que agora com 10 anos de carreira teremos mais liberdade para fazer coisas diferentes, podemos tentar uma coisa ou outra. Não que não pudéssemos fazer antes, mas acho que ainda não tínhamos vivido tudo isso para ter vontade de tentar.
Dani: O Projeto Paralelo com certeza abriu portas e não quer dizer que foi só aquele disco e morreu ali. A gente sempre encontra os caras que gravaram com a gente. Depois dele, o Kamau chamou o Di para participar do disco dele. É uma parceria que ainda pode trazer mais coisas no futuro.
Di: Essa experiência nós vamos levar para sempre. Uma pessoa gravar no seu disco é quase como um pacto de sangue, de amizade. Você marca na história.
Gee: Entre os embriões já tem uma ideia com participação, então teremos mais coisa por aí.

Virgula Música – Ao longo desses dez anos, vocês com certeza já passaram por muita coisa boa e ruim. Qual foi a pior roubada que vocês já passaram na carreira?

Caco: Cara, várias. Uma das que eu lembro foi quando fizemos uma turnê com o Aditive e Sugar Kane, quando ainda éramos independentes. Eram três ou quatro bandas viajando juntas em um onibus fretado a praticamente lucro zero. Pagavam um cachê muito pequeno e o tal ônibus era muito, mas muito ruim. Estávamos na porta da casa de um amigo nosso, o Sonrisal, que na época tocava no Aditive e de repente deu o maior barulho de explosão e o ônibus tombou na hora. Era o pneu que tinha estourado. Ainda bem que aconteceu ali. Imagina se estivessemos na estrada e estourasse essa porra desse pneu? Já entrou árvore dentro do ônibus e nossas famílias não sabem dessas coisas (risos)... Mas não foi nada grave.
Fi: Passamos por uma viagem de 12 horas e quando paramos, o motorista enfiou a frente do ônibus na marquise do hotel e arrancou a frente.
Caco: Outra vez no Sul o motorista era um moleque novo, estávamos todos cansados depois de um show. Queríamos ir pra casa, tomar um banho. Ele deu ré e entrou um galho de árvore dentro do ônibus. Tivemos que arranjar outro pra continuar viajando.
Dani: Já aconteceu da gente ir para outra cidade tocar e não ter contratante. Uma vez a gente foi para Itu e descobrimos que o contratante era um moleque de 14 anos, que fugiu. Ele ficou com medo porque apareceu juizado de menores, etc. Daí fomos na casa dos pais para falar com o moleque, essas coisas.
Fi: Nos festivais independentes tinha vez que o contratante chegava... se bem que chamar de contratante é sacanagem com quem faz o trampo direito! O cara juntava um monte de banda que queria tocar com a gente, aí tinham trocentas bandas de moleques tocando desde meio-dia, todos felizes que iam tocar em um festival com o NX Zero e o Fresno, tinham que vender ingressos. Quando chegava pra tocar não tinha evento, tava a casa vazia e o organizador fugiu com a grana dos ingressos.
Teve também outro bem marcante que era uma feira de aventura, de esportes radicais e estávamos na maior expectativa porque o lugar era enorme e a previsão era de receber muita gente, umas 30 mil pessoas. Tinha uma grande estrutura, parque de diversões... Tinha que pegar uma van para ir do camarim até o palco, imagina. Mas choveu no dia e tava vazio, a gente tocou pra cem pessoas. Com isso o contratante cancelou parte do evento, já tinha pago nosso cachê, mas não a empresa que cuidava do som. Eles não tinham recebido e queriam desmontar tudo, ficaram lá esperando por oito horas pelo organizador que não apareceu e viram que a gente tava lá esperando pra tocar. Daí eles esperaram a gente subir no palco e fazer nosso show praquelas cem pessoas desmontaram tudo e foram embora.

Virgula Música – Qual a maior loucura que um fã já fez por vocês?

Di: Ah, já teve fã que se jogou na frente da van...
Dani: Isso NÃO é legal.
Di: É, não achamos isso legal, é muito perigoso. Tem gente que faz tattoo da banda. é legal, mas a gente fala pra galera pensar bem antes de fazer. Tem gente que faz o rosto que eu acho mais complicado.
Dani: É difícil rosto ficar bonito em tatuagem.
Di: Não que sejam ruins os nossos, mas qualquer rosto é difícil de ficar bom o resultado.
Caco: Ainda mais que se você engorda, o desenho da tatuagem engorda com você.
Dani: Mas de loucura mesmo eu soube que teve uma galera que ficou quase um mês na fila pro show de gravação do DVD, só revezando com os amigos pra entrar. Isso é loucura.
Gee: Se dormisse um dia na fila já seria bizarro.
Dani: É, cara, dormir na fila uma noite já seria muito louco, imagina ficar na fila quase um mês.

Virgula Música – Quais bandas vocês tem ouvido atualmente?

Dani: O Incubus novo a gente tá ouvindo bastante, o novo do Ben Harper achei massa.
Gee: O novo do Foo Fighters.
Caco: Limp Bizkit novo, o Golden Cobra, é incrível.
Di: Tem uma galera nacional também, como o Emicida, Kamau.
Dani: Ouvi uma banda que se chama Medula esses dias e achei muito boa. Vanguart também gosto bastante.
Caco: Uma nacional que eu já tinha ouvido falar e não conhecia e achei bem legal se chama Supercombo. A banda é muito boa.
Di: Daí a gente cai nas clássicas também, como Red Hot. Eu também escuto Hillsong...
Dani: Tem o Led Zeppelin, que pra mim, sempre volta a tocar no carro, não tem jeito...
Gee: AC/DC. A gente tá numa fase de Rolling Stones também. Acho que é por causa do livro.
Fi: Aerosmith.
Dani: U2, depois do show... Nirvana, que a gente fez uma versão pra um tributo em homenagem aos 20 anos do Nevermind.

Virgula Música – O DVD tem participação do Rick Bonadio, que também produziu vários discos do NX Zero. Qual a relação dele com a banda?
Di: O Rick é nosso parceiro, o cara que acreditou na gente no começo. Hoje em dia a relação é mais legal ainda, porque ele já tem a confiança na gente pra fazer coisas diferentes como o Projeto Paralelo. Ele gravou todos os pianos dos nossos discos, então nada melhor do que ele próprio para tocar estas partes no show.
Dani: O legal do Rick é que ele é um cara que muda o rumo da banda. Ele conseguiu encurtar o caminho para onde queriamos chegar, pela experiência de trampo que tem. Ele puxa o melhor de casa um. Foi legal que nós fizemos o Projeto Paralelo com ele, porque ele sempre curtiu hip-hop, mas nunca tinha participado de um disco assim.
Fi: Pra nós é legal dar esse presente pra ele também. Era estranho ele nunca ter feito um projeto assim com o tanto de referências que ele tem. Ele produzir e fazer as programações foi uma realização pessoal dele e proporcionarmos isso pra ele foi uma parceria legal.

Virgula Música – O que vocês acham dessa onda do Happy Rock? Tem muita gente que critica, e hoje parece que eles sofrem o bullying que os emos sofriam anos atrás, quando vocês estouraram. O que vocês acham disso?

Fi: Isso é meio normal, na época que os grunges apareceram eles eram criticados pelos metaleiros. A mídia só quer fazer mais uma prateleira pra enquadrar as coisas. Esse lance é mais como um teste para saber se você vai conseguir passar por isso e seguir em frente.
Di: Nunca teve uma explosão de verdade do emo. A mídia acabou com um negócio muito legal que existia, fez parecer uma coisa negativa. Era legal porque todas as bandas tocavam juntas, faziam shows em parceria, emprestavam os intrumentos e na hora que começou a chamar atenção da grande mídia, começou a ficar negativo.
Dani: Já vieram perguntar pra gente o que achamos da roupa do Restart... Eu não quero saber da roupa deles, se eles tocam pelados ou não. Quero saber é do som!
Gee: Já ouvi o disco do Restart. Acho que tem músicas boas pra caramba, enxergando como um compositor. Os caras só tem hits. Dentro da proposta de som deles, da idade deles, eles estão indo super bem. Já até falei pra eles: “o som de vocês não é nada colorido”. Colorido pra mim são bandas que eu vejo no VH1 às vezes, tipo o All Time Low e outras que fazem aquele lance digital dance com rock, que eu acho que soa mais pra isso. O Pe Lanza me deu o disco, ouvi e achei cheio de hits. Só que é aquilo: muita gente deixa de ouvir porque pensa “não vou ouvir esses coloridos não” igual faziam com a gente: “não vou ouvir esses emos não”.
Caco: O pessoal vive pegando no pé por essas coisas. Todo mundo vive falando de campanha contra preconceito, de bullying, mas na real chega a ser hipocrisia porque a própria mídia transforma uma coisa positiva em negativa. Quando vem gringo para o Brasil, a mídia vai lá atrás e faz o que for para chegar perto dos caras. Quando é para valorizar alguma coisa nova aqui no Brasil, colocam um aspecto negativo e caricato. Com o emocore foi assim, com o colorido foi assim, e vai ser assim com outras coisas. Quando ouvi o Restart pela primeira vez confesso que eu não gostei. Não curti a canção, não achei que estava bem produzida. Mas a segunda vez que eu ouvi Te Esperar, achei bem produzida, reparei na maturidade dos caras em relação ao que ouvi antes. Eles estão fazendo uma coisa legal.
Di: Não importa se gosta ou não, o legal é que eles estão levando uma molecada para os shows. Quando você passa por isso como aconteceu com a gente, aprende muita coisa também. É legal passar por isso de cabeça erguida. Tem muitos hoje vão ao nosso show e dizem que não gostavam da gente. Hoje tem muitos de diferentes estilos, gente que vai porque gostou do Projeto Paralelo, que vai pelas que tocam nos rádios ou pelas músicas pesadas como Só Rezo. Então é aquela coisa: você tem que passar por cima disso de cabeça erguida que passa. Tem que continuar sem ligar pra essas coisas. Moda é moda, música é outra coisa.
Gee: A gente agradece a galera ter esquecido a gente porque teve muitos que passaram a respeitar e ouvir o nosso som, que é o mais importante. Daí se ouviu e não gostou, tudo bem.
Caco: Esse lance de preconceito pra nós não existe porque já tocamos com Vitor e Léo, Armandinho, Pitty, Planta e Raiz. Isso é uma coisa que fortalece demais a musica nacional. Não tem porque ficar encanando com barreira.

Virgula Música – Pra terminar: o que ainda falta pro NX Zero conquistar? Pode ser um sonho de consumo.

Dani: Um estúdio casa na árvore, submarino, varanda no ônibus (risos)
Gee: Acho que se a gente ficar mais 40 anos juntos pra mim já vale.
Fi: Perguntaram isso pra gente já e pensamos em ter energia pra estar juntos pra mais 50 anos, enquanto ainda tiver gente querendo nos ouvir. E se um dia nao tiver, a gente vai tocar pra nós mesmos... no estúdio foguete (risos). Acho que outra coisa seria fazer uma tour internacional. Ia ser um bagulho legal de se fazer.
Dani: Hablar outras linguas, comer outras chicas (risos)!

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